Teresa Bonvalot fez, mais uma vez, história para o surf nacional, depois de conquistar, esta terça-feira, o triunfo no Sydney Surf Pro, a segunda etapa do circuito Challenger Series. Uma vitória conseguida após uma performance de luxo no dia final da prova australiana e que atira Teresa para o top 3 do ranking deste importante circuito, que dá acesso ao World Tour da World Surf League.
Depois de na véspera ter conseguido a passagem às meias-finais e de ter carimbado, logo aí, o melhor resultado de um surfista português neste Challenger Series Tour, que teve a primeira edição no ano passado, esta terça-feira a surfista portuguesa viveu mais um dia de glória, confirmando na água ser a surfista em melhor forma nas ondas de Manly Beach.
Na primeira meia-final, disputada ao início da madrugada portuguesa, Teresa enfrentou a havaiana Keala Tomoda-Bannert, começando a disputa por cima da adversária. Contudo, Tomoda-Bannert respondeu na segunda metade da bateria e passou para a frente. Com a prioridade nos últimos minutos do heat, a campeã europeia soube esperar pelo momento certo e no último minuto desferiu um ataque letal à vitória. A precisar de uma nota já na casa dos 7 pontos, Teresa Bonvalot usou toda a radicalidade do seu surf para conseguir uma nota de 7,37 pontos.
O resultado foi anunciado já após o final de bateria, conferindo ainda mais drama à passagem de Teresa para a grande final da prova australiana. Com este desfecho favorável, Teresa Bonvalot marcou encontro no heat de todas as decisões com a australiana Nikki van Dijk, antiga top mundial e uma das surfistas mais experientes deste circuito.
O heat decisivo aconteceu só pelas 5H30 da madrugada portuguesa, uma vez que pelo meio ainda se realizaram meias-finais da prova masculina e também as finais das provas de longboard. Apesar da experiência e de algum favoritismo de Van Dijk, Teresa abriu a disputa de uma forma muito forte, colocando-se numa liderança firme. Após quatro ondas surfadas, Teresa já somava 15,83 pontos, o que deixava a australiana em combinação.
Na reta final Nikki van Dijk respondeu, conseguiu sair de combinação e ainda obrigou a surfista portuguesa a saber gerir a prioridade nos minutos finais. Depois de uma exibição de luxo na primeira metade da bateria, Teresa soube gerir as emoções e deixar rolar o tempo até à buzina que confirmou o histórico triunfo, com a australiana a não conseguir fazer mais que 13,13 pontos.
Trazida em ombros desde a água até à zona de entrevistas, onde foi entoado o hino português pela mão cheia de portugueses presentes no areal, incluindo as colegas Kika Veselko e Mafalda Lopes, Teresa Bonvalot era uma surfista feliz por ter alcançado a maior vitória da carreira, aos 22 anos. Depois de dominar e vencer o circuito de qualificação europeu, Teresa mostra, agora, todo o seu valor a nível mundial.
“É um sentimento incrível”, começou por afirmar a surfista de Cascais. “Adoro a Austrália e ter regressado após dois anos de pandemia pareceu surreal. Já tinha tido aqui um grande resultado no passado e, agora, sinto-me muito feliz por colocar a bandeira portuguesa no topo. Só me preocupei em surfar e mostrar o melhor do meu surf. Ganhar foi uma grande sensação, sobretudo por ter enfrentado uma surfista tão boa como a Nikki van Dijk na final. É um sentimento muito bom”, frisou.
A vitória de Teresa Bonvalot ajudou a conservar a liderança isolada da norte-americana Caitlin Simmers no ranking feminino deste circuito, com Nikki van Dijk a falhar o assalto ao primeiro posto. A australiana surge na 2.ª posição, com Teresa no 3.º posto, a somente 2845 pontos da liderança. Após duas etapas realizadas, das oito que compõem o circuito, a surfista portuguesa está, assim, bem posicionada para atacar as cinco vagas femininas disponíveis para o CT 2023.
Em Sydney destaque ainda para o 25.º posto alcançado por Mafalda Lopes, o 33.º de Yolanda Hopkins e o 49.º de Kika Veselko. Entre as três, quem surge melhor no ranking é Yolanda Hopkins, que está, agora, no 19.º posto, depois de ter sido 9.ª na etapa inaugural, na Gold Coast australiana. Mafalda ocupa o 33.º lugar e Kika surge na 58.ª posição.
Do lado masculino o triunfo pertenceu ao indonésio Rio Waida, num resultado também histórico. Aqui, as contas portuguesas não estão tão animadoras, com Frederico Morais, que foi 49.º neste campeonato, no 80.º posto do ranking e Vasco Ribeiro, que fez 25.º em Sydney, no 19.º lugar, de um ranking liderado pelo italiano Leo Fioravanti e que apura o top 10 para o CT 2023.
Terminada que está a “perna australiana”, o circuito Challenger Series vai, agora, enfrentar um mês de pausa, regressando com a etapa de Ballito, na África do Sul, de 3 a 10 de Julho. Daí o circuito segue para Huntington Beach, na Califórnia, ainda em Julho. Em Outubro a ação acontece em Portugal, mais concretamente na Ericeira, seguindo depois para Hossegor, em França. Saquarema, no Brasil, recebe a penúltima etapa em Novembro, com todas as decisões a terem lugar na etapa final, no início de Dezembro, em Haleiwa, no Havai.
Mais informações em www.ansurfistas.com e www.worldsurfleague.com.