O surf está a postos para fazer a muito aguardada estreia olímpica e a uma semana do arranque dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020, Frederico Morais, Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot, os três surfistas que vão representar Portugal, estão de partida para o Japão e consigo levam muita motivação e aspirações altas na luta pelas primeiras medalhas olímpicas da história do surf.

Frederico Morais vai ser o representante nacional na prova masculina, depois de ter conseguido a vaga como melhor europeu nos World Surfing Games da Associação Internacional de Surf (ISA) de 2019. Já do lado feminino Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot vão ser as esperanças lusas, depois de terem sido segunda e terceira classificadas, respetivamente, nos Mundiais ISA deste ano.

O trio que vai representar Portugal em Tóquio tem a particularidade de terem vencido títulos nacionais recentemente. Yolanda Hopkins estreou-se como campeã nacional em 2019, enquanto Frederico Morais e Teresa Bonvalot conquistaram o título no ano passado – ambos conseguiram o terceiro título da carreira -, numa temporada em que a Liga MEO Surf foi determinante para os surfistas nacionais se manterem em prova.

Jogos Olímpicos – Quadro de Competição: Ronda Inaugural
FREDERICO MORAIS x Kanoa Igarashi (Japão) x Jeremy Flores (França) x Miguel Tudela (Peru)
TERESA BONVALOT x Carissa Moore (EUA) x Daniella Rosas (Peru) x Dominic Barona (Equador)
YOLANDA HOPKINS x Caroline Marks (EUA) x Leilani McGonagle (Costa Rica) x Ella Williams (Nova Zelândia)

Com os Jogos Olímpicos a terem início marcado para 23 de Julho, a prova de surf começa a 25 de Julho e tem janela de espera até dia 1 de Agosto.

Frederico Morais
“Sinto-me bem, os treinos têm corrido muito bem e as pranchas estão boas. Sinto-me bem física e mentalmente. As expectativas e ambições são sempre boas. Estou curioso para ver que tipo de ondas vamos ter pela frente, se vamos ter sorte e ter umas ondas boas ou se realmente Chiba vai ter poucas ondas como dizem que é característico desta altura do ano.

Medalha de ouro ou título mundial? É uma pergunta muito difícil. São dois marcos completamente diferentes. Pelo título mundial competimos durante um ano, em várias etapas e contra os melhores do Mundo e acaba por ganhar o mais consistente. Embora este ano as coisas tenham mudado e só os cinco melhores vão disputar o título. Nos Jogos Olímpicos temos uma oportunidade de quatro em quatro anos para ganhar uma medalha de ouro. É uma escolha difícil que, honestamente, não consigo responder.

Tenho surfado e treinado muito. Estou muito focado. Já sinto algum nervosismo e ansiedade, mas é bom sentir essa proximidade dos Jogos. O momento da verdade está a chegar e não poderia estar mais orgulhoso de representar Portugal.

A Liga MEO Surf é, sem dúvida, um ótimo circuito, que dá uma grande bagagem e nos dá a oportunidade de ganhar ritmo ou surfar heats man-on-man, por exemplo. E isso no ano passado, com o Tour parado, foi fundamental. Consegui fazer cinco campeonatos cá em Portugal, mais dois da World Surf League na Europa, o que deu para manter-me no ritmo. Além disso, ainda venci o campeonato da WSL e sagrei-me campeão nacional, o que tornou o ano super positivo em termos de resultados, dentro das possibilidades e tendo em conta que estamos a viver uma pandemia. A Liga MEO Surf acabou por ser uma grande ajuda para mim.”

Yolanda Hopkins
“Estou a sentir-me bem e forte, pois tenho estado a treinar bastante, como sempre faço. Tento pensar que é mais um campeonato, como qualquer outro, mas neste vai estar provavelmente o Mundo inteiro a ver. Parto com a mesma ambição com que fui para os ISA, a pensar em ganhar, mas sem estar demasiado focada noutros aspetos, como a qualificação. Penso que foi por isso que cheguei tão longe. Queria mostrar o meu surf e coloquei pressão nisso, mas não tinha mais na cabeça. Sabia que se fizesse o meu surf poderia fazer as notas que precisava para ir longe e vou tentar fazer o mesmo nos Jogos Olímpicos.

Coloco uma medalha ao nível de um título mundial, ou até num nível mais alto. Este campeonato é ainda mais exclusivo que o circuito mundial, pois algumas das surfistas da elite mundial não se conseguiram qualificar para Tóquio. Penso que por isso vai ser um evento com um nível alto.

A preparação tem sido intensa, com muita correria de um lado para o outro e a tentar conciliar os treinos com as questões burocráticas. Tem sido difícil conciliar tudo, porque vivo longe de Lisboa. Ainda assim, mesmo sendo difícil conciliar tudo consegui treinar o máximo possível.

Apesar de não ter feito todas as etapas da Liga MEO Surf, mas penso que foi bom para todos voltar a competir e ganhar ritmo depois da pausa por causa da pandemia. Foi algo positivo para todos.”

Teresa Bonvalot
“Estou a sentir-me muito bem. Tenho tido umas ótimas semanas em casa, a preparar-me para os Jogos Olímpicos em Tóquio. Tenho treinado muito, com muitas horas de surf e muitas pranchas na água para experimentar e poder levar o melhor material possível. Sinto-me super motivada e ansiosa por fazer esta estreia olímpica.

As minhas ambições acabam por ser abordar a competição heat a heat, tentar demonstrar o que sei e consigo fazer e deixar tudo dentro de água. O resto acaba por vir por si só. Vou tentar aproveitar da melhor forma esta oportunidade gigante de representar o meu país no maior evento desportivo do Mundo.

Tive alguns campeonatos em que tive muita aprendizagem. Desde que vim do Mundial de El Salvador as ondas têm estado boas para treinar para os Jogos Olímpicos e têm sido ótimas semanas, recheadas de treinos e a tentar afinar tudo da melhor forma, para chegar a Tóquio na máxima força.

O facto de termos podido competir no ano passado na Liga MEO Surf foi super importante, porque devido à pandemia tudo ficou em pausa. Ter a oportunidade de competir e voltar aos campeonatos após o primeiro confinamento, numa altura em que isso não acontecia em mais nenhuma parte do Mundo, foi ótimo. Sobretudo, para nós surfistas que estamos habituados a andar sempre de um lado para o outro em competições. Foi muito benéfico para nós. Para mim também, porque tive a oportunidade de colocar em prática mais coisas que andava a treinar, para me apresentar mais forte no regresso à normalidade a nível internacional.”

A comitiva portuguesa no âmbito da Federação Portuguesa de Surf, sob orientação de David Raimundo, selecionador nacional, tem partida marcada para este domingo, dia 18 de Julho.

A Associação Nacional de Surfistas deseja a melhor das sortes aos nossos surfistas e a todos os envolvidos na busca pelo sonho olímpico e na luta pelas medalhas em nome de Portugal!

Mais informações em www.ansurfistas.com.